Pr. João Soares da Fonseca

Áudio Pastoral

No dia 10 de novembro de 1937, o então presidente Getúlio Vargas deu um golpe de estado e criou o chamado Estado Novo, cujo traço principal foi o autoritarismo. Getúlio impôs uma nova constituição, fechou o Congresso e criou a censura à imprensa. Os órgãos do governo, responsáveis por essa área, geravam listas de assuntos proibidos. “Normalmente havia um censor em cada jornal. A censura era total” (Jornal da USP online).
Não precisamos recuar tanto no tempo. Quando comecei meu ministério pastoral, no final de 1976, todo comentário de natureza política era feito a meia voz. Lembro das conversas com alguns jovens intelectuais da igreja; dizíamos as coisas, olhando para um lado e para o outro, a modo de quem conspira. Longe da abertura democrática, que só se realizaria quase uma década depois, faltava-nos a liberdade para expressar as ideias.
A história é implacável e mostra que uma das primeiras vítimas da tirania é a liberdade de expressão. Um jornalista, Daniel Wizenberg, escreveu sobre Cuba: “Apenas cinco por cento dos lares têm conexão e estima-se que só 27% da população possua acesso à internet. A informação circula através da transferência de material de mão em mão. DVDs, pen drives e links através de chat internos (WhatsApp está proibido) circulam na velocidade da luz”.
As denúncias recentes de corrupção em nosso País nos entristecem e decepcionam; e a alguns fazem perder a esperança. É preciso lembrar, porém, que a democracia não é culpada da corrupção. Desde sempre, esse mal existe em todos os formatos de governo; mas só a democracia desfruta de liberdade para denunciá-lo. Por isso, a imprensa é chamada de “o quarto poder”. Paulo escreveu que “onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade” (2Co 3.17). Já as ditaduras temem a livre expressão do pensamento e tudo fazem para cerceá-la. Oremos a Deus para que tenhamos um País livre da corrupção, mas com democracia!

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