Pr. João Soares da Fonseca

Áudio Pastoral

Filho de pastor, F. Nietzsche (1844-1900) abandonou a fé cristã e trilhou o caminho do ateísmo. “O mais polêmico de todos os filósofos” criou a figura do Superhomem (Übermensch), proclamando a “morte de Deus”. É devastadora a influência dos escritos nietzschianos no pensamento ocidental. Se Hitler bebeu ou não dessa fonte, é assunto ainda em aberto. Pudéssemos resumir essa filosofia numa palavra, talvez a melhor escolha fosse arrogância.
Arrogância me lembra o comportamento do pugilista americano Muhammad Ali (1942-2016). No auge de sua fama, Ali entrou num avião e esperava a decolagem, quando a aeromoça gentilmente pediu que ele afivelasse o cinto. Ele olhou pra ela e esnobou: “Superhomem não precisa de cinto”. Sua arrogância não intimidou a aeromoça, que instintivamente devolveu: “Superhomem mesmo não precisa de avião”.
O salmo 10 descreve os ímpios como seres insuportavelmente arrogantes. Acham-se suficientes,sabem tudo, fazem tudo, não ouvem ninguém, não precisam de ninguém, principalmente de Deus. Por isso, o salmista diz que “Deus não está em nenhum dos seus planos” (v. 4).
A morte de Deus, ou antes, o dar as costas a ele, faz com que o arrogante migre, em seguida, para um outro comportamento ainda mais perigoso, que é o da agressão. Nos versos 7 a 10, o poeta de Israel descreve as práticas de violência que o ímpio arrogante adota em sua vida. “Sua boca está cheia de maldição, enganos e ameaças…” (v. 7). No verso 8, a violência é praticada “à espreita”, o inocente é vitimado “em emboscada”, como por um “leão na sua toca”. No verso 10, o agressor “agacha-se e fica de tocaia”. O dramaturgo Plauto (230–180 a.C.) tinha razão: “o homem é o lobo do homem”. Tudo porque optou por viver na contramão da vontade de Deus.
O salmo termina mostrando que o Senhor pode intervir e esvaziar os planos do ímpio, fazendo com “que o homem… não mais inspire terror” (v. 17).

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