Um convite irresistível

(Isaías 55)

“Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite.”

(Isaías 55.1)

À medida que o profeta Isaías avança na proclamação da revelação de Deus, novos contornos do plano salvífico são apresentados. Se inicialmente a graça e os planos do Senhor alcançavam exclusivamente o povo de Israel, progressivamente, percebemos um alargamento desse alcance. Agora, o convite é universal: “Ó vós, todos os que tendes sede, vinde as águas […}”, um convite à salvação no qual a graça de Deus é oferecida gratuitamente a todos (Is 55.1).

Davi, nesse contexto, assume o papel de precursor da mensagem de salvação que ora é apresentada, servindo como testemunha aos povos, para que, 500 anos após, todas as nações pudessem ser alcançadas pelo mesmo amor que um dia fez com que o povo de Israel fosse escolhido.

O convite era apresentado por meio da proclamação profética, cabia ao profeta, a boca de Deus no meio do povo, o anúncio da mensagem de salvação. Dessa mesma maneira a igreja têm proclamado ao longo dos séculos a mensagem das boas-novas de salvação, a nova aliança que o profeta Isaías já apresentava às nações pós-período do cativeiro em sua tradição mais tardia.

Semelhantemente aos dias do profetismo bíblico, nos quais o profeta falava e o povo era desafiado ao compromisso com Deus, assim também ocorre em nossos dias, pois todos somos comissionados pelo Senhor (Mt 28.19,20) a pregar a mensagem de salvação a todas as pessoas (Jo 3.16). O convite é imperativo e cumprirá o seu objetivo pois apresenta a própria vontade de Deus para a humanidade (Is 55.11). Nada que falamos da parte do Senhor deixa de cumprir o seu propósito, pois a Palavra de Deus exerce influência no coração humano de forma inequívoca. Ela transforma a vida do pecador, convence o homem pela ação do Espírito Santo (Jo 16.8).

Não esperemos que as pessoas sejam “convencidas” pela nossa eloquência, argumentos ou poder de convencimento. Não, o convite não é nosso, mas de Deus. A mensagem é Dele, a Palavra é Dele e as pessoas serão convertidas por Ele (Hb 4.12), nós somos apenas o instrumento pelo qual a mensagem do convite chegará a todas as pessoas. A força do convite está na mensagem e não em quem o transmite.

Desde os tempos que remontam a criação, Deus já tinha definido o plano de salvação e a forma como ele seria desenvolvido na história humana (Gn 3.15). Foi necessário um longo período histórico para que a promessa messiânica pudesse ser concretizada em Cristo no tempo da plenitude de Deus. A partir do entendimento, de que Deus não está limitado ao tempo, mas que se revela em nosso tempo cronológico, é que o profeta Isaías anuncia a urgência do convite de Deus à humanidade. Essa mensagem deixa claro que há um tempo próprio para a ação salvífica de Deus na história e que haverá um momento em que essa condição não estará mais disponível. O convite de Deus está circunscrito ao tempo da nossa vida e a plenitude do plano salvífico. O tempo próprio para aceitar o convite de Deus é hoje, pois o amanhã não nos pertence.

A mensagem contida no convite de Deus para a nossa vida estabelece alguns critérios. Inicialmente, o convite define a necessidade de conversão, pois “o ímpio deve deixar o seu mau caminho, e o homem mau, os seus pensamentos […] (Is 55.7). Essa mensagem nos transforma de tal forma que nunca mais seremos os mesmos, foi assim nos tempos do profeta Isaías; na vida de Zaqueu; na vida de Paulo outrora Saulo, entre tantos outros. O segundo critério é que nos voltemos para o Senhor, com a promessa de que Ele se compadecerá de nós. Nossos projetos, sonhos e objetivos devem ser voltados para o Senhor que tem sempre o melhor para cada um de nós, basta que entreguemos a nossa vida a Ele com toda confiança (Sl 37.5) e estejamos descansados na certeza de que os seus propósitos são bons, perfeitos e agradáveis para o seu povo.

O Senhor nos convida para vivermos a realidade da grande obra que Ele tem realizado na humanidade que é a salvação por meio do seu Filho Jesus Cristo. Confiados nessa promessa, aceitemos o convite do Senhor enquanto está disponível para que experimentemos a plenitude da vontade Dele para cada um de nós, na certeza de que Ele fará além do que pedimos ou pensamos (Ef 3.20).

Catarina Damasceno – Equipe de Resumos.

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