Adoradores Verdadeiros Não Murmuram

(Números 11-20)

“Perdoa, pois, a iniquidade deste povo, segundo a grandeza da tua misericórdia e como
também tens perdoado a este povo desde a terra do Egito até aqui.”

(Números 14.19)

Depois de todas as manifestações da graça e do amor de Deus não devia haver mais lugar
para a murmuração. A mão de Deus atuou de forma poderosa. No aspecto punitivo, os
murmuradores viram cair fogo do céu e queimar as extremidades do arraial, e os que
gulosos, sofreram uma espécie de “indigestão” de carne, vindo a morrer (11.32-35). Viram
também Miriã ser acometida de lepra, por haver pretendido usurpar a posição de líder
ocupada por Moisés. No aspecto provedor, a cessação do fogo poupando o arraial, a
“chuva” de codornizes (pequenas aves) que caiu sobre o arraial por um mês inteiro, e a cura
de Miriã, sempre em resposta às orações de Moisés (11.10-15; 12.13).
A murmuração parece ser um mal que tem comprometido o ser humano desde o Éden.
Adão já murmurou contra Deus por lhe haver dado Eva. Há pessoas que estão sempre
vendo “o espinho da roseira” e não desfrutam da beleza e do perfume da rosa. Na família,
na igreja, na sociedade, sempre veem apenas os aspectos negativos. Jamais têm um elogio
sincero para dar a alguém e, raras vezes, uma oração de gratidão ao Senhor. Orando, são
mais as suas queixas que o seu louvor. Adoradores dissonantes.
Acampando Israel em Parã, Deus instrui Moisés a enviar uma comitiva de representantes
do povo para observar a terra de Canaã. Os espias, um de cada tribo, foram enviados com
instruções de avaliar as condições de resistência dos povos por onde deveria Israel passar,
em seu caminho a Canaã, e os recursos que poderiam encontrar os hebreus ali para sua
subsistência. Os espiões voltaram em pânico. Não havia canções em seus lábios. O medo
robou-lhes os sonhos. Outra vez a atitude frente aos desafios frustam os mais audaciosos
projetos (13.25-33).
Contagiados pelo pavor dos espiões, o povo mais uma vez murmura contra Moisés e contra
Deus. Os homens que inspiraram essa sedição foram punidos, feridos com uma praga. Dois
homens, entretanto, tiveram a coragem de andar na direção oposta à da maioria. É preciso
coragem para levantar a voz e ser contra o que diz a maioria. Tal coragem será sempre
premiada quando optarmos por fazer exclusivamente a vontade de Deus. Assim foi com
Josué e Calebe, cujos olhos estavam fitos na promessa (14.6-10).
Deus, que abundante em graça e misericórdia, oferece ainda um recurso para evidenciar
seu perdão ao pecador penitente: uma mistura de cinza de uma novilha queimada fora do

arraial, madeira de cedro, hissopo e tecido, com água (19.1-22). Essa seria a água da
purificação, que seria para purificar qualquer pessoa que tocasse algo imundo.
Alegando origens nessa prática do A.T, o catolicismo instituiu o rito da quarta- feira de
cinzas como sinal do início do tempo da quaresma. As cinzas são feitas com os ramos de
palmas distribuídos no ano anterior, no domingo de Ramos, e são abençoadas pelo
sacerdote, que as impõe, em forma de cruz, ao fiel. Nos 40 dias que se seguem é
proclamado o jejum – especialmente com abstinência de carne vermelha – essa quarta-feira
era também conhecida como carnaval. A festividade acontecia em sinal de humilhação
diante de Deus, em busca de perdão.
A história encarregou-se de ir introduzindo as modificações da festa, relacionando-a com
outras celebrações ainda mais pagãs, até chegar-se ao que conhecemos hoje,
especialmente em nossa pátria: ocasião em que se exacerba a luxúria, a sensualidade e
toda orgia própria da adoração pagã ao “deus deste século” que “cegou a mente dos
incrédulos, para que não vejam a luz do Evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem
de Deus” (2 Co 4.4).
Cuidemos que nossa atitude não seja, para nossa adoração, como a mosca para a
essência do perfumista (Ec 10.1). O risco de termos nossa adoração interrompida por gritos
de desespero é grande. Precisamos ter cuidado de não perdermos o foco de nosso culto. O
foco, a platéia de nossa adoração, é o Deus eterno e Todo-poderoso, o Senhor da terra e
dos céus, a Ele somente há de ser a nossa adoração (Sl 115.1). Amém.

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