Pr. João Soares da Fonseca

Noel Rosa (1910-1937) foi preso em Vitória onde foi fazer um show em abril de 1934. Da Estação de Argolas, em Vila Velha, ao hotel onde se hospedou, ninguém o reconheceu. Como na hora do show, chovia torrencialmente, a bilheteria foi um fracasso. Sem dinheiro, pulou a janela do quarto do Hotel Europa, em Vitória, e pegou o trem. Mandaram uma radiopatrulha para detê-lo na estação. O trem já havia partido. Então, a polícia montou uma espetacular operação na estação seguinte, em Viana. Quando o trem parou aí, cada vagão foi revistado. Noel foi preso e levado à delegacia do Parque Moscoso, em Vitória. Autuado, explicou ao delegado: não tinha fundos.
Admiradores, liderados pelo pai da cantora Maysa (Matarazzo), Alcebíades Monjardim, pagaram a conta do hotel. E Noel Rosa, finalmente, foi colocado em liberdade (Fonte: Maciel de Aguiar, “Vitória de Noel”, O Globo, 17-04-2011, p. 7).
Paulo, que não contraía dívidas por saber que elas enlameiam o bom nome, escreveu: “A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros…” (Romanos 13.8). Como diz sabiamente o povo, “Por que colocar o chapéu onde não se alcança?” É a mesma ideia que o sábio já sublinhava: “Não estejas entre os que se comprometem, e entre os que ficam por fiadores de dívidas, pois se não tens com que pagar, deixarias que te tirassem até a tua cama de debaixo de ti?” (Provérbios 22.26-27). Assim como para viver com saúde e liberdade, o jovem precisa fugir das drogas, todos nós precisamos também aprender a domar um impulso selvagem que escoiceia dentro de nós, que é o de consumir, endividando-se. Shakespeare escreveu que “aquele que morre paga todas as suas dívidas”. Resistindo à tentação de possuir coisas não será preciso ter que morrer para pagar as dívidas. O fiel obedece a Deus: controla seu instinto comprador.
Com a chegada do Natal e do fim do ano, redobremos nossa atenção e fujamos de dívidas!

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