Pr. João Soares da Fonseca

Quando a Vida se Torna Uma Canção Desafinada

Correm lendas e mais lendas entre os judeus sobre o personagem Elias. Uma delas é que um dia, em certo lugar, 9 homens, judeus, estavam reunidos, aguardando a chegada do décimo para se iniciar uma reunião na sinagoga. Como se sabe, desde o Antigo Testamento, uma reunião só tem validade se contar com, pelo menos, 10 homens (Rute 4.1,2). Nesse dia, o décimo não aparecia. Então, para não frustrar os nove presentes e para tornar possível o encontro, diz a lenda, o próprio Elias desceu do céu, juntou-se a eles, e a reunião foi realizada.

O momento mais dramático da vida do profeta Elias foi quando enfrentou os profetas de Baal, no monte Carmelo. O povo oscilava pendularmente entre Deus e Baal, arrastando-se ora na direção de um, ora na de outro. Como os incrédulos de hoje, os israelitas de então queriam tirar proveito de Deus e do Diabo. Elias queria que o povo definisse a quem seria leal (1Reis 18.21).

Tiago recorda que “Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós…” (Tiago 5.17). Talvez Tiago estivesse se referindo diretamente ao episódio em que, temendo por sua vida, Elias fugiu de Jezabel e se escondeu numa caverna no monte Horebe (1Reis 19). Desanimado, deprimido, Elias quis morrer (1Reis 19.4). Ao optar por refugiar-se numa cova, Elias nos lembra uma frase triste de um escritor alegre, Mark Twain: “A vida para mim é um buraco e um suspiro de tristeza… uma canção desafinada”. São paixões a que todo ser humano está sujeito, inclusive líderes espirituais. A diferença para o homem de fé é que ele tem um suporte que vem de cima. Deus foi em socorro de Elias, mostrando-lhe que o mundo não acabou; que Baal não será senhor do universo, como as circunstâncias pareciam fazer crer (1Reis 19.18). Essa escura caverna do Horebe nos é familiar, e muitas vezes precisaremos descer a ela para ouvir de Deus que o futuro não é uma quimera.

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