Pr. João Soares da Fonseca

Na década de 90, num Congresso da Apec (Associação Pró-Evangelização de Crianças) em Atibaia (SP), ouvi uma excelente palestra, proferida pelo Pr. Élben César, criador e diretor da Revista Ultimato. Em certo momento, César falou da dificuldade que é entender por que alguns filhos de bons crentes abandonam o caminho de Cristo, depois que crescem. Confessava que para ele é um mistério, ou seja, não há explicação. Se ocorrer de os pais serem crentes hipócritas, a explicação é fácil e óbvia: foi o mau testemunho flagrado dentro de casa. Mas como é possível que filhos de pais comprovadamente santos se tornem indiferentes à Palavra e, em alguns casos, até inimigos da cosmovisão cristã?

Foi ruminando essa reflexão que li algo atribuído a um missionário americano no Brasil. William Carey Taylor (1886-1971) aqui viveu e ministrou a Palavra por 41 anos. Ensinou nos Seminários e escreveu muitos livros de peso, intelectual e fisicamente. Num deles, afirmou: “Parece-me ainda que o motivo por que alguns filhos de crentes nunca se convertem, antes se tornam os mais duros incrédulos, é que as conversas incessantes que ouvem acerca do Evangelho são monótonas, frias e banais e, diante disso, não percebem a maravilha das Boas Novas de que seus pais falam mas não ilustram na sua vida cristã rotineira.”

De fato, a incoerência entre o que se diz crer e o que se vive no cotidiano é enorme estímulo ao abandono da fé. Quantas pessoas não se desiludem com os crentes, com as igrejas, com os pastores, justamente porque não viu harmonia entre a pregação e o comportamento?!

Se o mistério continua, o único antídoto contra ele é continuar a testemunhar dentro de casa e orar para que os filhos da gente se tornem filhos de Deus. Vivendo a vida cristã com autenticidade, sinceridade e amor, poderemos dizer com o velho João: “Não tenho maior alegria do que esta: a de ouvir que os meus filhos andam na verdade” (3João 4).

 

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