Pr. João Soares da Fonseca

O Endereço da Alegria

Ouve-se muito hoje que há várias verdades, que cada um tem a sua própria verdade, etc. Quando se diz isso, na verdade quer-se dizer que há várias opiniões. Quando diz “a verdade de cada um”, a pós-modernidade quer dizer “a opinião de cada um”.

Em seu livro A descoberta do outro (Rio: Agir, 1967), Gustavo Corção ironiza: “…a opinião é um fibroma [tumor benigno] na inteligência produzido pela recusa diante da objetividade. (…) Quem se nutre alegremente com esse alimento, achando-o gostoso e suculento, é como quem deixa a carne, o pão e o vinho para apregoar as superiores virtudes do palito” (p. 85).

Todas as pessoas têm direito a opinião, do mesmo modo que todas têm o dever da verdade. Cada um pode pensar o que quiser, mas a verdade não pode se adequar a todos.

Quem diz que a opinião é a verdade está absolutizando o que é relativo.

Quem diz que a verdade é só uma opinião está relativizando o que é absoluto.

Na visão de quem relativiza a Verdade, tudo é verdade. Se é assim, vejamos alguns exemplos recolhidos da galeria da história:

Se a verdade não é absoluta, então por que Judas não é um nome popular entre os cristãos? Se ela é relativa, então ele agiu corretamente, já que o interesse dele era a “sua” verdade.

Se a verdade não é absoluta, então por que Hitler não é um herói no Ocidente? Afinal, ele dizia defender a verdade do povo alemão. Se ela é relativa, então ele estaria certo, e todos os livros de história seriam apenas o registro dos nossos preconceitos!

Se a verdade não é absoluta, então os terroristas estão certos, e tudo o que se seguiu ao “11 de Setembro” foi insensatez!

Se a verdade não é absoluta, então por que reagimos com fúria quando nos falam de pedófilos, predadores de crianças indefesas? Se ela é relativa, então eles também têm direito à “sua” verdade, e nossos protestos contra as suas práticas são apenas um testemunho do nosso atraso filosófico!

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