Pr. João Soares da Fonseca

Profissão: Semeador

Há algumas décadas que tenho ouvido esta anedota, e, para mim, ela nunca perde a graça. Nem a lição.

Uma pesquisadora do IBGE bate à porta de um sitiozinho perdido no interior do Brasil. De lá de dentro surge calmamente um caipira que parece não se aborrecer com nada. A moça se identifica e logo engrena a fazer perguntas:

– Essa terra dá mandioca?

– Dá não, senhora!

– Dá batata?

– Também não!

– Dá feijão?

– Nunca deu!

– Arroz?

– De jeito nenhum!

– Milho?

– Nem brincando!

– Quer dizer que por aqui não adianta plantar nada?

– Ah bom! Se plantar, aí é diferente…

Jesus contou uma parábola sobre um agricultor (“semeador”). E começa dizendo que ele “saiu a semear” (Mateus 13.3).

O agricultor saiu… Talvez estivesse cansado, mas saiu. Talvez estivesse doente, mas saiu. Talvez estivesse fazendo frio, mas saiu. Talvez ameaçasse temporal, mas saiu.

Nos dias do sábio de Eclesiastes, bem como nos dias de Jesus, não havia seguro de espécie alguma. Não havia proteção contra uma possível colheita fracassada. Ao semeador não restava opção senão sair e semear. Ele vivia de acordo com o lema, “bobeou, dançou”; não plantou, não colheu; não colheu, não comeu. Se ele fixasse residência no “castelo da indolência” (James Thompson, 1748), certamente morreria de fome. O semeador estaria consciente da mensagem de Eclesiastes, quando diz: “Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás” (Ec 11.1). A mesma verdade se aplica ao reino espiritual. Paulo disse: “E isto afirmo: aquele que semeia pouco pouco também ceifará; e o que semeia com fartura com abundância também ceifará” (2Co 9.6).

Por isso, o autor de Eclesiastes aconselhou ainda: “Pela manhã semeia a tua semente, e à tarde não retenhas a tua mão; pois tu não sabes qual das duas prosperará, se esta, se aquela, ou se ambas serão igualmente boas” (Ec 11.6).

Se em Adão o trabalho é maldita consequência do pecado, em Cristo a maldição vira bênção!

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