Pr. João Soares da Fonseca
Os Monstros da Vida
Nosso neto Benjamin, quando tinha 4 anos (agora tem 5), ficou um tempo conosco enquanto os pais faziam uma longa viagem. Ele gostava de brincar de modo a envolver os adultos à sua volta. Assim, uma de suas brincadeiras prediletas era fingir que estava sendo atacado por um “monstro”. Mas antes, ele mesmo definia quem de nós “seria” o monstro, quem “seria” a defesa e quem “seria” a vítima. Claro que havia um revezamento nesses papéis: uma hora o monstro era a Peggy, outra hora era eu, outra hora era ele. Assim, quando ele dava o sinal, o monstro saía de mãos erguidas em atitude ameaçadora, em câmera lenta, na direção de sua vítima. À vítima sempre cabia pedir socorro. Então quando ele era a vítima, dizia, encenando o papel de alguém amedrontado: “Me defende, Nonno!”. E corria para trás de mim. Depois, como eu disse, o monstro era a Peggy, eu a vítima, e ele a defesa. Eu teria que fazer o pedido: “Me defende, Benjamin. E ele ficava na minha frente para me defender. E assim por diante. Com isso tínhamos bons momentos de descontração.
Personagens mitológicos irresistíveis, os monstros povoam a imaginação dos povos desde sempre. Sendo criaturas intelectualmente misteriosas, visualmente disformes e fisicamente ameaçadoras, eles metem medo e criam o pavor. O folclore, a literatura, o cinema, e todas as outras manifestações da cultura têm o seu elenco de monstros. Para o dramaturgo e filósofo Sêneca (cerca de 4 a.C – 65 d.C.), o monstro tem um significado filosófico. Ele seria “uma revelação visual e horrível da verdade”.
A fé cristã também tem o seu quinhão de ciclopes, frankensteins, dráculas, vampiros, bruxas, dragões, zumbis, monstros do lago, pokemóns… No Antigo Testamento, o monstro tem nome, Leviatã, que é vencido pelo poder de Deus (Sl 74.14). Tomás de Aquino dizia que o Leviatã é a inveja.
Independentemente de qual seja o monstro que ataque você, lembre-se: O Senhor é a sua defesa!
