Pr. João Soares da Fonseca

A Oficina da Virgem

Um chiado estranho no motor do velho Opala me obrigou a interromper a viagem e procurar uma oficina mecânica, perto do centro de Saquarema (RJ), onde passávamos uma semana de férias, na década de 90.

Oficina com férias não combina. Mas chiado no motor é um horror. Lá vou eu em busca de socorro e solução. Podia ter sido pior, por exemplo, se fosse na autoestrada, longe de tudo.

A oficina é limpa. O mecânico é solícito. Entro, explico e espero. Bota espera nisso! De imediato tenho minha atenção confiscada para o ícone de uma Senhora Aparecida dependurada no teto, ao lado de um aviso algo desconfiado: “Não aceitamos cheques”. Pelo que meus olhos veem, suspeito que estejamos lidando com alguém religioso! Em princípio, isso deve ser um bom sinal.

Bastou, porém, uma meia-volta para dar de cara com cartazes numa parede exibindo mulheres despudoradamente nuas. Uma delas, aliás, bem de frente com a “Virgem”, como se uma estivesse desafiando a outra: Vamos ver qual de nós duas vence essa parada!?

Aos leitores desavisados poderá parecer chocante a associação entre idolatria e imoralidade. Mas a história de Israel ontem e a história de muitas religiões hoje estão aí para nos lembrar que as duas coisas não são realidades tão antagônicas, como parece à primeira vista. Pelo contrário, são irmãs que muito bem se entendem, já que procedem do mesmo útero: a incredulidade.

Foi assim com os cananeus do Antigo Testamento (Levítico 20.23). Foi assim com os gregos. Quando Paulo viu a cidade de Atenas coalhada de ídolos, seu espírito se indignou (Atos 17.16). Você pensaria que com tanto ídolo, inclusive com um altar em honra “Ao Deus Desconhecido” (Atos 17.23), que os gregos não se depravassem tanto. Amargo engano! Foi assim também com os romanos, e por aí vai. Onde Deus é substituído por algum ídolo, os homens se comportam como animais e se entregam à imoralidade. Que o “Santo de Israel” nos santifique!

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