Pr. João Soares da Fonseca
O Desafio de Ser Solidário
Toda vez que a Igreja esquece a dimensão social do evangelho, ela se distancia do padrão de Deus e deixa de impactar a história.
O apóstolo Tiago lembrou aos perpetradores da injustiça social, aos que exploram a mão de obra do pobre, que haverá um dia de acerto de contas (Tiago 5.1-6). O Senhor está vendo a obra dos abutres.Tiago relaciona religião com solidariedade. Essa ênfase atravessa toda a sua epístola, desde o conhecido texto de Tiago 1.27 até o último capítulo. A histórica tensão entre milionários e miseráveis se desfaz em Tiago. Ele manda que os ricos paguem salário justo aos trabalhadores. Ao lado, porém, da solidariedade social, o mesmo apóstolo fala de uma solidariedade espiritual. Não se entende como é que alguém veja o irmão doente e não ore por ele (Tiago 5.13s). Diante do túmulo de Lázaro, “Jesus chorou” (João 11.35). “Quem ama, chora”, dizia Antonio Vieira.
O apóstolo Paulo recomendou que os crentes se alegrassem com os alegres e chorassem com os tristes (Romanos 12.15). A vida coletiva da igreja passa por essa mutualidade. Sorrimos e choramos uns com os outros.
William Barclay cita um escritor não identificado, que narra o diálogo entre uma senhora norte-americana, branca, com a escrava de um vizinho, na cidade de Charleston, na Carolina do Sul, ao tempo da escravidão. Certo dia, a senhora branca encontrou a escrava na rua, travando-se o seguinte diálogo: — Sinto muito que a sua tia Lucy tenha morrido! Você deve estar sentindo muito a falta dela, não? Afinal, vocês pareciam ser muito amigas — disse a branca. — Sim, sinhá. Lamento a morte dela. Mas não éramos tão amigas. — Como não? Pensei que fossem. Vi vocês rindo e conversando tantas vezes!!! — Isso mesmo! – disse a escrava. – Rimos e conversamos muitas vezes, mas éramos apenas conhecidas. Sabe, sinhá Rute, nós nunca choramos as duas. Para serem verdadeiramente amigas, as pessoas precisam chorar junto.
