Min. Kely Cristina Magalhães Decotelli

As misericórdias se renovam

“Que é o homem, para que tanto o estimes, e ponhas nele o teu cuidado, e cada manhã o visites, e cada momento o ponha à prova?” (Jó 7:17 – 18).

Quem faz esse questionamento é Jó, um homem de dores, experimentado em provações, para a maior parte de nós inimagináveis. Ao longo de sua vida, Jó conheceu o cuidado de Deus e a certeza de sua onipresença, onisciência e onipotência, independentemente da realidade momentânea.

O que, por muitas vezes, parecia incompreensível para Jó era a combinação do poder e sabedoria de Deus com sua misericórdia.

A compreensão da misericórdia de Deus passa por nossa fé, antes de nossa experiência. É a construção de uma certeza de cuidado que não pode falhar, pois é característica imutável do próprio Deus.

Jeremias nos convida ao exercício diário de tal construção ao afirmar: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim. Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade.” (Lamentações 3.22-23)

A misericórdia de Deus é algo também vivido em nossa percepção, o que nos alimenta e nos traz qualidade de vida espiritual. Isso se dá através da disciplina que começa com a certeza do amanhecer. Não sabemos se acordaremos vivos, mas temos a certeza que as manhãs sempre sucedem as noites. Não há registros na história da falha desse movimento. Enquanto abrirmos os olhos nessa existência terrena, podemos ter a certeza das manhãs. Do mesmo modo, devemos estar certos de que a misericórdia infinita de Deus acabou de ser renovada, num constante reafirmar de sua fidelidade conosco.

O texto de Lamentações continua dizendo que essa é a porção que nos cabe. Essa é a convicção que dia a dia devemos construir e fazermos dela o combustível de nossa espera. Até que experimentemos em nossa realidade a manifestação da bondade do Senhor.

Jó finaliza sua narrativa, demonstrando sua dependência total do cuidado infalível de Deus. Antes mesmo de ver a mudança de suas circunstâncias adversas, Jó viu o ser de Deus e isso lhe era suficiente.

“Bem sei que tudo podes e nenhum de teus planos pode ser frustrado (…) Eu te conhecia só de ouvir, mas agora meus olhos te veem” (Jó 42. 2 e 5)

Kely Cristina Magalhães Decotelli

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